#1 — Paratextos

Ana Flávia
2 min readDec 3, 2020

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Segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antônio Geraldo da Cunha, o sufixo “par(a)” deriva do grego e significa “ao lado de”, “da parte de”, então, podemos compreender que o termo “paratexto” seria referente a elementos que estão ao lado do texto, que fazem parte dele ou que se referem a ele.

Estes elementos podem ser verbais ou não verbais e preparam o leitor para a leitura de um livro, sendo eles: capa, título, nome e sobrenome do autor, orelha, folha de rosto, ficha catalográfica, dedicatória, prefácio, sumário, notas, bibliografia e anexos.

Segundo Gérard Genette, os paratextos podem ser divididos em:

Peritexto: localiza-se na periferia do texto principal.

Epitexto: localiza-se em espaços mais distantes, como resenhas e notas midiáticas.

Genette ainda afirma que somente no paratexto pode-se agir sobre o leitor, convencendo-o ou não a iniciar a leitura.

Os primeiros paratextos surgiram na forma do colofão: uma espécie de etiqueta de couro nos rolos de papiro na qual encontrava-se o nome do copista, a data e o local de realização do trabalho, porém, apenas a partir do século XVII os paratextos ganharam em definitivo a função de demarcar espaços e promover o livro como um novo objeto de leitura.

Com isso, foi estabelecida uma hierarquia entre os elementos paratextuais: a capa é considerada o principal paratexto, possuindo uma função publicitária, de forma que atraia o leitor e, dessa forma, o faça prestar atenção nos demais paratextos e decidir se fará a leitura do livro em questão ou não.

Enquanto para Genette o paratexto é aquilo que transforma um texto em livro, na visão de Compagnon, a perigrafia (termo utilizado pelo autor para estes elementos) está sob o domínio do autor do livro e este deve estar sendo retratado nela. Entretanto, tanto para Genette quanto para Compagnon, os paratextos não estão isolados interna ou externamente no texto, mas encontram-se em uma zona intermediária, uma espécie de intercâmbio entre texto e paratexto, embora, infelizmente, os paratextos nem sempre recebam a atenção do leitor merecida.

Referência: COSTA, M. R. Paratexto. In: RIBEIRO, A. E.; CABRAL, C. A (orgs.). Tarefas da edição: mediapédia. Minas Gerais: Editora-laboratório LED, CEFET-MG. <http://www.letras.bh.cefetmg.br/wp-content/uploads/sites/193/2019/10/Tarefas-da-Edic%CC%A7a%CC%83o-arquivo-digital-07-10-20.pdf> Acesso em: 18/11/2020, às 18:22

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